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João, o ensimesmado.

Ele tem boca, mas não fala. Ele tem olhos, mas não vê tudo que deveria. Ele tem pernas, anda com elas, mas acelera os passos para longe de tudo e de todos. Seus ouvidos procuram refúgio no silêncio do nada e na vastidão do todo. Ele é João, o ensimesmado.  Suas manhãs, cinzentas como regra, são cenário para ele se esconder. Busca, no drama do seu ser, o consolo para não sucumbir à pressão do cinza mortal de tão real. João não consegue sentir nada além do medo de perder a si mesmo, pois o seu ser, aos seus olhos, é tudo que tem. As tardes de João são diferentes, elas abandonam o cinza. O rapaz, que não se rende ao encanto da vida, coloca-se à fila da estrondosa tristeza que assola a muitos, fechando-se como uma prisão sem grades. João, o ensimesmado, ensimesma-se ainda mais. As noites são de turva visão. Ganha-se o frio, que gela o já gélido coração do rapaz. A sensação de solidão que ele tem se eleva à potência, tornando o garoto uma fortaleza de altos muros, impossível de ser conq...

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